Até mais tarde.
sexta-feira, 14 de março de 2008
O Refinado e o Tosco
Não é raro escutarmos ou participarmos de debates automobilísticos onde se questiona quem seria o melhor piloto de todos os tempos na F-1. Não menos rara é a tendência de se atribuir méritos aos pilotos da F-1 recente em detrimento daqueles que deram início a tudo. Aí pergunto a vocês: qual piloto da atualidade teria coragem de pilotar o Mercedes W-196 de Fangio, sem aerofólios, sem “santo antonio”, sem capacete, com pneus diagonais estreitos, a 230 Km/h em Mônaco? Pois bem. Onde quero chegar com esse assunto? Ontem, vendo o primeiro treino do ano, percebi a dificuldade imensa enfrentada pelos pilotos devido à falta do controle de tração. Foi um festival de saídas de pista por erro na aproximação de curva ou nas retomadas de aceleração. Quanta dificuldade quando se requer sensibilidade! A parafernalia eletrônica que tomou conta da F-1 reduziu drasticamente a diferença entre o tosco e o refinado. Na era turbo um F-1 tinha cerca de 1200 hp, quase o dobro de potência dos carros atuais, montados sobre um chassi rústico para os dias de hoje. Os carros tinham componentes de madeira e as pistas tinham plantações e barrancos ao redor. Com tudo isso, até pouco tempo, o recorde de velocidade pertencia a Ayrton Senna com sua Lotus Renault preta JPS, quase 360 km/h. Não havia controle de tração, fly by wire, suspensão inteligente, centralinas, os câmbios eram manuais e a troca de marchas dependia do acionamento da embreagem com o pé esquerdo. Qualquer erro na troca despejaria 1200 hp no câmbio e aí era uma vez uma caixa de marchas! Três largadas eram suficientes para acabar com a embreagem. Não havia reabastecimento e os pilotos largavam com tanque cheio torcendo pra que o combustível fosse o suficiente para terminar a corrida. Imagine a mudança de comportamento do carro durante a prova, em virtude de tamanha alteração de peso! Os carros eram “jipões” com motor de avião”. Hoje temos um carro com suspensão, chassis e componentes aerodinâmicos superiores ao de qualquer avião montados sob motores que têm míseros 600 hp. E o que vimos foi uma dificuldade terrível pra se manter na pista. Agora entendo porque somente nessa temporada aboliram o controle de tração. Basta imaginar como seria hoje ter Michael Schumacher (como já disse: último herdeiro de uma geração sem precedentes) numa Ferrari ou McLaren. Seria um banho! Ele não é piloto de simulador e não tem simulador no mundo que seja realista o suficiente para descrever o comportamento de um carro volta a volta, sem os apetrechos redutores da diferença entre o piloto tosco e o refinado.A F-1 parece ter dado um passo enorme para deixar de ser um jogo de vídeo game chamado “Carrossel”.
Até mais tarde.
Até mais tarde.
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Um comentário:
Olá
então, não conhecia esse blog... adorei!
Bom, concordo claro com tudo.. nem preciso falar mta coisa...
Quero ver seus comentários sobre a corrida...
bjos
Raquel
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